Enquanto não é publicado por fontes oficiais como foi o Campeonato Brasileiro de Pesca Sub 2009, em Ubatuba/SP, segue abaixo o relato do Diego Santiago :
"Cheguei a Ubatuba dia 17/11, terça feira. Nesta semana ainda podíamos pescar na área de prova e peguei alguns peixes. Nada de especial, mas estava conseguindo o principal, que era reconhecer as ilhas onde seria disputado o campeonato. O mar ainda um pouco mexido, foi acalmando e a água melhorando. Na semana da competição, vi muitos peixes, mas sem poder pescar. Alguns eu via todos os dias, tinham até nome, rs...
Sábado, primeira etapa. A área escolhida foi o costão entre Picinguaba e Trindade. Um bom lugar para a pesca sub, mas onde é muito difícil da água clarear no fundo. Pedras amontoadas, peixes em “buraquinhos” no raso. Água clara somente até 8 metros, tudo o que eu não gosto! Mas já sabia desta condição e tentei fazer o meu melhor com o objetivo de me manter no “bolo” e não deixar ninguém abrir muitos pontos e tentar virar na segunda etapa. Comecei bem, em uma área que eu havia visto peixes no dia anterior e logo nos três primeiros mergulhos pego um robalo, um badejo e um bom sargo, mas obviamente não consegui manter o ritmo. Fui pescando um peixe aqui, outro ali... perto do final, chegando em uma toca e escuto o “bumm” de uma garoupa assustada nadando para o fundo da toca. Ascendendo a lanterna, ainda tive tempo de ver o corpo de uma boa garoupa, com mais de 10 quilos saindo. Tiro por trás, “poeira” e um barulho familiar, mas nada agradável de uma garoupa grande se batendo com um arpão e depois silêncio. Cabo travado e subo pensando: ou o peixe saiu do arpão, ou encontrou um bom lugar para se travar... segunda opção! A garoupa enfiou a cabeça entre duas pedras e só conseguia ver seu corpo, longe. Começo o processo de desentocar ao mesmo tempo em que vão chegando barquinhos de pescadores locais. Um vinha acelerando em cima de mim e meu barqueiro colocou a lancha na frente para me proteger. Dois, três... sete barcos, cada um com quatro pescadores furiosos por estarmos pescando na “área deles”. Depois de falarem que não poderíamos estar pescando ali, parece que ficaram ainda mais furiosos quando mostramos as licenças do Ministério da Pesca, da Prefeitura e da APA do litoral norte para a competição. Resultado: quando a situação parecia que ia esquentar mais, tive que cortar o cabo do arpão, subir no barco e encerrar a conversa, saindo com o barco em direção a Ubatuba. Após a pesagem, termino o primeiro dia em quinto, 10 mil pontos atrás dos primeiros colocados. Nada que me desanimasse para a segunda etapa, nas ilhas das Couves e Rapada, onde havia treinado mais. Área mais funda, água mais clara e cheia de parcéis em volta, tudo o que eu gosto!
Calculando a melhor combinação entre os locais onde eu estava vendo mais peixes no reconhecimento, junto com a direção da corrente e maré enchente e vazante, fiz minha estratégia, que se mostrou perfeita. Tracei mentalmente nossa rota e fomos pescando um ou dois peixes em cada ponto, sem perder muito tempo em um mesmo lugar. Com o movimento de barcos e mergulhadores os peixes sumiram, e eu já esperava isso. Mesmo assim, estava com uma boa pescaria, com alguns peixes grandes. Deixo o melhor parcel para o final, onde ninguém havia mergulhado o dia inteiro. Faltando uma hora e meia para o final, começo a navegar para lá. Este é um pesqueiro mais próximo de terra, mais difícil de a água clarear, mas onde eu havia visto mais peixes. Eu já me aproximava e a água estava ótima, sem ninguém por perto. Perfeito.
Faltando uns 2 minutos para chegar, o motor da lancha simplesmente apaga, mais nenhum sinal de vida. Iria nadando, mas pelas regras eu não posso me afastar da lancha. Jogamos a Âncora e ficamos boiando perto do pesqueiro. Eu não acreditava naquela situação! Duas semanas navegando perfeitamente e o motor tinha que parar justamente nessa hora. Ficamos aguardando o final do campeonato, quando uma lancha nos rebocou de volta a Marina. Na hora da pesagem, tristeza e alegria. Alegria por ter feito a melhor pescaria do dia, mas tristeza por ter perdido o campeonato por 3 kg. Fiquei em segundo, UM PEIXE atrás do primeiro colocado. Eu tinha uma hora e meia para pegar UM PEIXE no meu melhor pesqueiro. Ainda não acredito, parece que a ficha ainda não caiu, hahaha... Só não fiquei mais triste porque o campeão foi Felipe “Caranha” um amigo de Ilhabela que eu gosto muito e mereceu o título.
Quando não tem que ser...
Abraços,Diego Santiagowww.pescasubbrasil.com"